CALOPHYLLACEAE

Kielmeyera insignis Saddi

Como citar:

Marta Moraes; Rodrigo Amaro. 2017. Kielmeyera insignis (CALOPHYLLACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

1.229,267 Km2

AOO:

24,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do estado do Rio de Janeiro, restrita à área de floresta montanhosa na Serra dos Órgãos (Saddi, 1984). Foi coletada nos municípios de: Guapimirim, na Estação Ecológica Estadual de Paraíso (C.M. Vieira 183); Nova Iguaçu (W. Silva 1);Nova Friburgo (C.M. Vieira 555); Silva Jardim (D.S.Farias 123); e Teresópolis, na Serra dos Órgãos (A.F.M. Glaziou 3878).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2017
Avaliador: Marta Moraes
Revisor: Rodrigo Amaro
Critério: B1ab(i,ii,iii)+2ab(i,ii,iii)
Categoria: EN
Justificativa:

Espécie arbórea com cerca de 10 m de altura, endêmica do estado do Rio de Janeiro, com ocorrência na Mata Atlântica em Floresta Ombrófila Densa (Saddi, 1984). Foi coletada nos municípios de Guapimirim, na Estação Ecológica Estadual de Paraíso; Nova Iguaçu, na Rebio de Tinguá; Nova Friburgo, em Macaé de Cima; Silva Jardim; e Teresópolis, na Serra dos Órgãos. Possui EOO=1073 km², AOO=24 km² e cinco situações de ameaça. Embora esteja dentro de Unidade de Conservação, a espécie encontra-se sob constantes ameaças nas regiões de ocorrência, como crescimento urbano, degradação de hábitat pela agricultura e aumento do turismo (Mendes, 2010; Teixeira, 2006). Suspeita-se que esteja havendo declínio contínuo da EOO, AOO e qualidade do hábitat.

Último avistamento: 2002
Quantidade de locations: 5
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Rodriguésia 36(60): 60, fig. 1984. A espécie é caracterizada por venação foliar, forma das sépalas e presença de anteras oblongo-retangulares sem glândulas. Difere de K. gracilis (espécie mais semelhante morfologicamente) em forma e tamanho das sépalas. Pode ainda ser confundida com: K. decipiens diferindo por textura foliar e ápice e forma das sépalas; K. rizziniana e K. excelsa, distinta por textura e venação foliares, pecíolo mais longo e forma das sépalas; K. petiolaris, distinta pela margem coriácea das sépalas e textura e venação foliares; e K. membranacea, distinta pela ausência de glândulas nas anteras (Saddi, 1982). Não é uma espécie de fácil identificação com base somente nos caracteres vegetativos (Saddi, 1982).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa
Habitats: 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane Forest
Detalhes: Árvore com cerca de 10 m, encontrada na Mata Atlântica em Floresta Ombrófila Densa Montana (Saddi, 1984), em altitudes entre 1000 e 1200 m e solo argiloso-arenoso úmido (Saddi, 1982).
Referências:
  1. Saddi, N. 1982. A taxonomic revision of the genus Kielmeyera Martius (Guttiferae). Ph.D. Thesis, University of Reading, England, U.K.
  2. Saddi, N. 1984 Novas espécies de Kielmeyera Martius (Gutiferae) do sudoeste brasileiro. Rodriguesia 36(60):59-64

Reprodução:

Detalhes: Floração nos meses de março e abril. O período de frutificação é provavelmente em torno do mês de outubro (Saddi, 1982). É importante ressaltar que as plantas podem não florescer todos os anos e que o fruto chega a levar mais de 1 ano para estar completamente maduro (com.pess. R.J. Trad)
Fenologia: flowering (Mar~Apr), fruiting (Oct~Oct)
Síndrome de polinização: melitophily
Dispersor: Os frutos constituem cápsulas septicidas, verdes quando imaturas, com sementes aladas dispersas pelo vento (Saddi, 1982)
Polinizador: É provável que a polinização seja realizada por abelhas, como ocorre em outras espécies do gênero (Saddi, 1982)
Referências:
  1. Saddi, N. 1982. A taxonomic revision of the genus Kielmeyera Martius (Guttiferae). Ph.D. Thesis, University of Reading, England, U.K.

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2 Agriculture & aquaculture habitat past,present,future regional high
Historicamente, no município de Nova Friburgo e na área onde se encontra a APA de Macaé de Cima, praticava-se agricultura de subsistência e de base familiar em pequenas e médias propriedades, com plantio de feijão, mandioca e hortaliças e, em menor quantidade, criação de animais (Mendes, 2010).
Referências:
  1. Mendes, S.P., 2010. Implantação da APA Macaé de Cima (RJ): um confronto entre a função social da propriedade e o direito ao meio ambiente ecologicamente preservado. V Encontro Nac. da Anppas, Florianópolis, SC.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1.3 Tourism & recreation areas habitat present,future regional high
Devido à beleza cênica e ao elevado estágio de preservação da Mata Atlântica, a região de Nova Friburgo despertou a atenção de admiradores da natureza na década de 1970. A área tornou-se um lócus de atração turística, e como consequência, houve uma substituição das atividades agropecuárias por atividades vinculadas ao turismo. Propriedades que antes eram destinadas à agricultura foram substituídas por pousadas, hotéis, restaurantes e casas de veraneio (Mendes, 2010). Na busca de uma forma alternativa de vida, além dos turistas considerados visitantes, novos moradores se instalaram em Nova Friburgo fugindo de centros urbanos. Isso gerou substituição de atividades agropecuárias por atividades vinculadas ao turismo, à construção civil, ao comércio e à prestação de serviços, a fim de atenderem as novas demandas da região, e se transformaram as principais fontes de renda de seus antigos moradores. Muitos imóveis que possuíam funções agrícolas voltadas à produção, foram alterados para se tornarem residências, sítios de veraneio ou pousadas, locais de consumo e de “contemplação da natureza”, gerando novos valores e reconfigurando o território (Mendes, 2010).
Referências:
  1. Mendes, S.P., 2010. Implantação da APA Macaé de Cima (RJ): um confronto entre a função social da propriedade e o direito ao meio ambiente ecologicamente preservado. V Encontro Nac. da Anppas, Florianópolis, SC.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1.3 Tourism & recreation areas habitat present,future regional high
No entorno da Reserva Biológica do Tinguá, existem áreas particulares utilizadas por sitiantes, que buscam lazer e descanso, ou mesmo para fins comerciais. A região da baixada é pouco beneficiada por áreas de lazer. A população a buscar áreas ainda conservadas para banhos de cachoeira e outras formas de lazer e contato com a natureza (Teixeira, 2006).
Referências:
  1. Teixeira, L.H. dos S., 2006. Plano de Manejo da Reserva Biológica do Tinguá. Brasil.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3 Livestock farming & ranching habitat past,present,future regional high
No município de Santa Maria Madalena, a redução de áreas de floresta ombrófila passou de 35% no ano de 1994 para 11% no ano de 2001, indicando aumento substancial de áreas de pastagens (média de 58% do território) e de vegetação secundária (área média de 35%)(TCE-RJ, 2004). O estudo aponta que diversos fragmentos florestais foram reduzidos ou mais fragmentados, gerando barreiras para implantação de corredores ecológicos (TCE-RJ, 2004). Nesse caso, Santa Maria Madalena necessitaria implantar 1.249 hectares de corredores, o que representa 1,5% da área total do município (TCE-RJ, 2004).
Referências:
  1. TCE-RJ, 2004. Estudo Socioeconômico 2004 - Santa Maria Madalena. Rio de Janeiro. Disponível: www.tce.rj.gov.br/documents. Acesso em: 20/04/2015.

Ações de conservação (1):

Ação Situação
1 Land/water protection on going
Coletada na Serra dos Órgãos, provavelmente no PARNA Serra dos Órgãos (A.F.M. Glaziou 3878) e na EEE de Paraíso (C.M. Vieira 183).